Triunfo da Vida Sobre a Morte, O
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# JESUS NEGADO POR PEDRO
subjetivo. Os evangelistas não revelam a menor vontade de quererem dizer coisas edificantes que exaltem o herói biografado e seus adeptos. Narram candidamente o que ocorreu, como locutores neutros, quer seja pró quer contra o seu herói. Dizer que Jesus tinha medo da morte e pediu que não lhe acontecesse, parece humilhante para um herói; dizer que chegou a suar sangue e pediu consolação a seus discípulos, parece amesquinhar a grandeza do biografado.
A mesma indiferença e neutralidade professam os evangelistas com relação aos discípulos do Mestre, sobretudo com referência a Pedro, que parecia ser uma espécie de chefe da turma. Narram não só a coragem, mas também a timidez e fraqueza de Pedro; falam da sua fidelidade, mas não calam o modo vergonhoso como negou três vezes o Mestre. Se não soubéssemos que os evangelistas eram amigos de Jesus, escreveu Renan, dificilmente o poderíamos descobrir pelos seus relatos biográficos.
Na quinta-feira, à noite, dissera Jesus a seus discípulos que, nesta noite, seria pedra de tropeço para eles; que todos o abandonariam.
Simão Pedro, sempre com a alma nos lábios, protestou contra coisa tão degradante, garantindo eterna fidelidade ao Mestre: "Ainda que todos te abandonem, eu jamais te abandonarei; estou pronto a ir contigo para o cárcere e para a morte. " Jesus lhe respondera calmamente: "Ainda nesta mesma noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me terás negado. " Pedro, certamente, tornou a protestar contra esse pessimismo de Jesus.
Pela madruga foi Jesus declarado réu de morte pelos chefes da Sinagoga, em casa do Sumo Sacerdote.
Pedro estava sentado ao pé de uma fogueira acesa no pátio interno, aquecendo-se, juntamente com alguns soldados, pois fazia frio; devia ser em princípios de abril, passagem do inverno para a primavera.
Apareceu então uma criada do Sumo Sacerdote, encarou a Pedro e disse: "Também tu estavas com Jesus, o Galileu. " Ele, porém, apavorado, respondeu: "Não compreendo o que estás dizendo. " Saindo do pátio, encontrou outra criada, que disse aos outros: "Esse também estava com Jesus, o Nazareno. " Pedro, cada vez mais apavorado, reforçou a sua mentira com um juramento, dizendo: "Eu nem conheço este homem. " Daí há pouco, acudiram os circunstantes, e encarando Pedro, disseram: "É verdade, tu também és do número deles; até teu sotaque te dá a conhecer. " Pedro, no auge do terror, começou a jurar e a praguejar, repetindo que não conhecia aquele homem.
Neste momento, ouviu-se na vizinhança o canto de um galo. Pedro estremeceu e lembrou-se subitamente das palavras do Mestre: "Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me terás negado. " Saiu para fora do pátio, onde era escuro, e chorou amargamente.
Logo depois disto, foi Jesus conduzido da casa do Sumo Sacerdote para fora, passou perto de Pedro e o olhou sem dizer uma palavra. Ele, porém, compreendeu o olhar silencioso do Mestre. . .
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